Obesidade Infantil

A preocupante taxa de obesidade infantil

Em Portugal, os dados relativos à obesidade infantil são alarmantes.

Enquanto nutricionista especialista em nutrição infantil, creio ser importante trazer à refleção os dados fornecidos pelo Serviço Nacional de Saúde relativamente ao estado nutricional infantil do país.

A jornada em direção a uma comunidade mais saudável começa, obviamente, com a compreensão clara dos desafios que enfrentamos; o meu objetivo com esta publicação é expor-vos a necessidade urgente de uma mudança nos hábitos alimentares das nossas crianças.

Estado nutricional infantil

Os números fornecidos datam de 2022 e não só refletem aumento de excesso de peso e obesidade infantil, mas também alertam sobre a mudança nas tendências e costumes do dia a dia.

É evidente que a prevalência de excesso de peso entre as crianças portuguesas em idade escolar (6 a 8 anos) vem a aumentar. Com 31,9% das crianças classificadas como tendo excesso de peso e 13,5% a enfrentar obesidade, os dados sugerem uma mudança preocupante nas tendências observadas nos anos anteriores.

De 2008 a 2019, Portugal teve uma redução constante nos números de obesidade infantil e prevalência de excesso de peso:

– Obesidade infantil: de 15,5% em 2008 para 11,9% em 2019. – Excesso de peso: de 37,9% em 2008 para 29,7% em 2019.

Em apenas três anos (de 2019 a 2022) voltamos a ver um aumento significativo destes números. Continuando assim, o país vai anular o progresso alcançado em 11 anos.

Hábitos alimentares

Para entender o porquê do aumento das percentagens de obesidade, é crucial entender as mudanças nos padrões de alimentação e atividade física das crianças.

Começando pela amamentação, percebemos que: ● Em média, 90,1% das crianças

O relato de amamentação em Portugal embora alto, em média de 90,1% de crianças amamentadas, mostra que apenas 21,8% foram exclusivamente amamentadas por seis meses ou mais.

– Região de menor frequência: Açores, apenas 73,8% de crianças amamentadas.

– Região de maior frequência: Algarve, 92,7% de crianças amamentadas.

Os hábitos alimentares analisados também revelam preferências por leite magro/meio gordo, carne em comparação com peixe, o consumo significativo de snacks doces/refrigerantes açucarados, e um aumento no consumo de cereais em 2022:

https://www.insa.min-saude.pt/cosi-portugal-2022-319-das-criancas-apresentam-excesso-de-peso-e-135-obesidade-2/

Em relação ao gráfico a cima, mesmo com muito a melhorar esse estudo também nos mostra que houve pelo menos uma pequena redução no consumo de refrigerantes:

– O consumo de até 3 vezes por semana de refrigerantes açucarados diminuiu de 71,3% para 69,1% de 2019 para 2022.

O ambiente escolar desempenha um papel crucial na formação de hábitos saudáveis. Nos últimos anos houve uma diminuição na disponibilidade de alimentos como snacks doces e salgados em ambientes escolares e um aumento da disponibilidade de legumes e fruta fresca.

ATIVIDADE FÍSICA

Quanto à atividade física, enquanto a maioria das crianças brinca fora de casa durante a semana, os índices de transporte escolar e comportamentos sedentários sugerem áreas que exigem atenção, como o tempo passado no computador.

– 74,3% das crianças portuguesas passam pelo menos 2 horas por dia a jogar no computador durante os fins de semana

RESUMINDO

Diante destes resultados, é claro que enfrentamos desafios crescentes em garantir a saúde e o bem-estar das crianças em Portugal, mas a compreensão destas tendências é o primeiro passo para implementar medidas eficazes. O diálogo aberto e a colaboração entre instituições de saúde, educadores e famílias são fundamentais para construir um futuro mais saudável para as próximas gerações.

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