Cólicas nos bebés: O Que a Ciência Diz e Como Podemos Apoiar as Famílias

Ah, as cólicas… Quem nunca ouviu falar nelas? São das maiores preocupações dos pais nas primeiras semanas de vida dos bebés. O bebé chora, está desconfortável, e logo surge a dúvida: “Será das cólicas?” ou, pior, “Será que foi algo que eu comi?”. Mas será que as cólicas são mesmo reais, ou será mais um mito que perpetuamos sem base científica? Vamos explorar juntos.

O Que São, Afinal, as Cólicas?

Quando falamos de cólicas, estamos a referir-nos a episódios de choro intenso e persistente que, aparentemente, não têm uma causa definida. Normalmente, surgem em bebés saudáveis, nas primeiras semanas ou meses de vida. Mas aqui está o ponto: as cólicas, como condição médica específica, não estão cientificamente descritas. Sim, leste bem! Não há um consenso sobre o que são ou se sequer existem.

Estudos interessantes mostram-nos que em culturas onde os bebés são constantemente carregados no colo (aquilo a que chamamos exterogestação), quase não se ouve falar de cólicas ou da famosa “hora da bruxa”. É algo para reflectirmos, não achas?

Alimentação da Mãe e Cólicas: Existe Ligação?

Este é, sem dúvida, um dos maiores mitos que ouvimos todos os dias. Não, o que a mãe come não causa cólicas ou desconfortos no bebé. Alimentos como feijão, grão ou vegetais crucíferos não passam para o leite materno sob a forma de “gases”. O sistema digestivo do bebé é imaturo e é essa a principal razão de qualquer desconforto.

Uma das situações que poderá levar ao desconforto gastrointestinais do bebé por exemplo, é quando o bebé tem alergia à proteína do leite de vaca. Nestes casos, sim, pode ser necessário retirar os laticínios da alimentação da mãe. Mas atenção: esta é uma situação que deve ser avaliada e acompanhada por profissionais de saúde qualificados.

O Perigo dos Mitos Alimentares

Quantas vezes ouvimos: “Desde que tirei o grão da minha alimentação, o meu bebé melhorou”. E quantas mães começam a eliminar alimentos atrás de alimentos, na tentativa de “ajudar” o bebé? Este ciclo pode levar a deficiências nutricionais na mãe, sentimentos de culpa e, em muitos casos, ao abandono precoce da amamentação.

A culpa materna é uma constante, não é? Acreditamos que tudo o que fazemos está diretamente a influenciar o bem-estar do bebé, mas nem sempre é assim. Este é um momento para desconstruirmos mitos e darmos às mães o apoio e a informação de que realmente precisam.

Como Ajudar as Famílias?

Em vez de culpar a alimentação da mãe, é mais importante focarmo-nos no que realmente pode ajudar o bebé e os pais. O colo, o contacto pele a pele, as massagens abdominais, um ambiente calmo e acolhedor… tudo isto faz maravilhas! E, mais importante ainda, lembrar que esta fase de choro intenso é transitória. Não há nada de errado com o bebé, e este período vai passar.

Os profissionais de saúde têm aqui um papel essencial: desmistificar crenças infundadas, dar informação baseada na evidência e, acima de tudo, apoiar a amamentação. É este tipo de suporte que faz a diferença na vida das famílias.

Vamos Normalizar a Realidade

O choro faz parte da adaptação do bebé ao mundo fora do útero. Faz parte da exterogestação. Faz parte do crescimento. Nem tudo precisa de uma explicação ou de uma “cura”. E nós, como profissionais de saúde, temos a responsabilidade de trazer leveza e confiança a este processo.

Se és mãe e estás a viver esta fase, respira fundo e lembra-te: o teu leite é perfeito, o teu colo é insubstituível e o teu instinto é o teu melhor guia. E se precisas de ajuda, não hesites em procurar profissionais que te informem, te apoiem e caminhem contigo nesta jornada.

Cólica? Hora da bruxa? Talvez, ou talvez apenas mais um mito que precisamos de deixar para trás.

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